XIX






A lei dos destinos


Demonstrada a prova das vidas sucessivas, o caminho da existência acha-se desimpedido e traçado com firmeza e segurança. A alma vê claramente seu destino, que é a ascensão para a mais alta sabedoria, para a luz mais viva. A eqüidade governa o mundo; nossa felicidade está em nossas mãos; deixa de haver falhas no universo, sendo seu alvo a beleza, seus meios a justiça e o amor. Dissipa-se, portanto, todo o temor quimérico, todo o terror do Além. Em vez de recear o futuro, o homem saboreia a alegria das certezas eternas. Confiado no dia seguinte, multiplicam-se-lhe as forças; seu esforço para o bem será centuplicado.


Entretanto, levanta-se outra pergunta: quais são as molas secretas por cuja via se exerce a ação da justiça no encadeamento de nossas existências?


Notemos, primeiramente, que o funcionamento da justiça humana nada nos oferece que se possa comparar com a lei divina dos destinos. Esta se executa por si mesma, sem intervenção alheia, tanto para os indivíduos como para as coletividades. O que chamamos mal, ofensa, traição, homicídio, determina nos culpados um estado de alma que os entrega aos golpes da sorte na medida proporcionada à gravidade de seus atos.


Essa lei imutável é, antes de tudo, uma lei de equilíbrio. Estabelece a ordem no mundo moral, da mesma forma que as leis de gravitação e da gravidade asseguram a ordem e o equilíbrio no mundo físico. Seu mecanismo é, ao mesmo tempo, simples e grande. Todo mal se resgata pela dor. O que o homem faz de acordo com a lei do bem lhe proporciona tranqüilidade e contribui para sua elevação; toda violação provoca sofrimento. Este prossegue a sua obra interior; cava as profundidades do ser; traz para a luz os tesouros de sabedoria e beleza que ele contém e, ao mesmo tempo, elimina os germens malsãos. Prolongará sua ação e voltará à carga por tanto tempo quanto for necessário até que ele se expanda no bem e vibre uníssono com as forças divinas; mas, na persecução dessa ordem grandiosa, compensações estarão reservadas à alma. Alegrias, afeições, períodos de descanso e felicidade alternarão, no rosário das vidas, com as existências de luta, resgate e reparação. Assim, tudo é regulado, disposto com uma arte, uma ciência, uma bondade infinitas na obra providencial.


No princípio de sua carreira, em sua ignorância e fraqueza, o homem desconhece e transgride muitas vezes a lei. Daí as provações, as enfermidades, as servidões materiais; mas, desde que se instrui, desde que aprende a pôr os atos de sua vida em harmonia com a regra universal, torna-se, com efeito, cada vez menos presa da adversidade.


Os nossos atos e pensamentos traduzem-se em movimentos vibratórios e seu foco de emissão, pela repetição freqüente dos mesmos atos e pensamentos, transforma-se, pouco a pouco, em poderoso gerador do bem ou do mal.


O ser classifica-se, assim, a si mesmo pela natureza das energias de que se torna o centro irradiador, mas, ao passo que as forças do bem se multiplicam por si mesmas e aumentam incessantemente, as forças do mal se destroem por seus próprios efeitos, porque estes voltam para sua causa, para seu centro de emissão e traduzem-se sempre em conseqüências dolorosas. Estando o mau, como todos os seres, sujeito à impulsão evolutiva, vê por isso aumentar-se forçosamente sua sensibilidade.


As vibrações de seus atos, de seus pensamentos maus, depois de haverem efetuado sua trajetória, volvem a ele, mais cedo ou mais tarde, oprimem-no e apertam-no na necessidade de reformar-se.


Esse fenômeno pode explicar-se cientificamente pela correlação das forças, pela espécie de sincronismo vibratório que faz voltar sempre o efeito à sua causa. Temos demonstração disso no fato bem conhecido de, em tempo de epidemia, de contágio, serem atacadas principalmente as pessoas cujas forças vitais se harmonizam com as causas mórbidas em ação, ao passo que os indivíduos dotados de vontade firme e isentos de receio ficam geralmente indenes.


Sucede o mesmo na ordem moral. Os pensamentos de ódio e vingança, os desejos de prejudicar, provenientes do exterior, só podem agir sobre nós e influenciar-nos caso encontrem elementos que vibrem uníssonos com eles. Se nada existir em nós de similar, essas forças ruins resvalam sem nos penetrarem, volvem para aquele que as projetou para, por sua vez, o ferirem, seja no presente ou no futuro, quando circunstâncias particulares as fizerem entrar na corrente do seu destino.


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Há, pois, na lei de repercussão dos atos, alguma coisa mecânica, automática na aparência. Entretanto, quando implica acerbas expiações, reparações dolorosas, grandes Espíritos intervêm para regular-lhe o exercício e acelerar a marcha das almas em via de evolução. Sua influência faz-se principalmente sentir na hora da reencarnação, a fim de guiar essas almas em suas escolhas, determinando as condições e os meios favoráveis à cura de suas enfermidades morais e ao resgate das faltas anteriores.


Sabemos que não há educação completa sem a dor. Colocando-nos nesse ponto de vista, é necessário livrarmo-nos de ver, nas provações e dores da humanidade, a conseqüência exclusiva de faltas passadas. Todos aqueles que sofrem não são forçosamente culpados em via de expiação. Muitos são simplesmente Espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas e de labor para colherem o benefício moral que anda ligado a toda pena sofrida.


Contudo, em tese geral, é do choque, do conflito do ser inferior, que não se conhece ainda, com a lei da harmonia, que nasce o mal, o sofrimento. É pelo regresso gradual e voluntário do mesmo ser a essa harmonia que se restabelece o bem, isto é, o equilíbrio moral. Em todo pensamento, em toda obra há ação e reação e esta é sempre proporcional em intensidade à ação realizada. Por isso podemos dizer: o ser colhe exatamente o que semeou.


Colhe-o efetivamente, pois que, por sua ação contínua, modifica sua própria natureza, depura ou materializa o seu invólucro fluídico, o veículo da alma, o instrumento que serve para todas as suas manifestações e no qual é calcado, modelado o corpo físico em cada renascimento.


Nossa situação no Além resulta, como vimos precedentemente, das ações repetidas que nossos pensamentos e nossa vontade exercem constantemente sobre o perispírito. Segundo sua natureza e objetivo, vão-no transformando pouco a pouco num organismo sutil e radiante, aberto às mais altas percepções, às sensações mais delicadas da vida do espaço, capaz de vibrar harmonicamente com Espíritos elevados e de participar das alegrias e impressões do infinito. No sentido inverso, farão dele uma forma grosseira, opaca, acorrentada à Terra por sua própria materialidade e condenada a ficar encerrada nas baixas regiões.


Essa ação contínua do pensamento e da vontade, exercida no decorrer dos séculos e das existências sobre o perispírito, faz-nos compreender como se criam e desenvolvem nossas aptidões físicas, assim como as faculdades intelectuais e as qualidades morais.


Nossas aptidões para cada gênero de trabalho, a habilidade, a destreza em todas as coisas são o resultado de inumeráveis ações mecânicas acumuladas e registradas pelo corpo sutil, do mesmo modo que todas as recordações e aquisições mentais estão gravadas na consciência profunda. Ao renascer, essas aptidões são transmitidas, por uma nova educação, da consciência externa aos órgãos materiais. Assim se explica a habilidade consumada e quase nativa de certos músicos e, em geral, de todos aqueles que mostram, em um domínio qualquer, uma superioridade de execução que surpreende à primeira vista.


Sucede o mesmo com as faculdades e virtudes, com todas as riquezas da alma adquiridas no decurso dos tempos. O gênio é um longo e imenso esforço na ordem intelectual e a santidade foi conquistada à custa de uma luta secular contra as paixões e as atrações inferiores.


Com alguma atenção poderíamos estudar e seguir em nós o processo da evolução moral. De cada vez que praticamos uma boa ação, um ato generoso, uma obra de caridade, de dedicação, a cada sacrifício do “eu”, não sentimos uma espécie de dilatação interior? Alguma coisa parece expandir-se em nós; uma chama acende-se ou aviva-se nas profundezas do ser.


Essa sensação não é ilusória. O Espírito ilumina-se a cada pensamento altruísta, a cada impulso de solidariedade e de amor puro. Se esses pensamentos e atos se repetem, se multiplicam, se acumulam, o homem acha-se como que transformado ao sair de sua existência terrestre; a alma e seu invólucro fluídico terão adquirido um poder de radiação mais intenso.


No sentido contrário, todo pensamento ruim, todo ato criminoso, todo hábito pernicioso provoca um estreitamento, uma contração do ser psíquico, cujos elementos se condensam, entenebrecem, carregam de fluidos grosseiros.


Os atos violentos, a crueldade, o homicídio e o suicídio produzem no culpado um abalo prolongado, que se repercute, de renascimento em renascimento, no corpo material e traduz-se em doenças nervosas, tiques, convulsões e até deformidades, enfermidades ou casos de loucura, consoante a gravidade das causas e o poder das forças em ação. Toda transgressão à lei implica diminuição, mal-estar, privação de liberdade.


As vidas impuras, a luxúria, a embriaguez e a devassidão conduzem-nos a corpos débeis, sem vigor, sem saúde, sem beleza. O ser humano que abusa de suas forças vitais, por si mesmo se condena a um futuro miserável, a enfermidades mais ou menos cruéis.


Às vezes a reparação se efetua numa longa vida de sofrimentos, necessária para destruir em nós as causas do mal, ou então numa existência curta e difícil, terminada por morte trágica. Uma atração misteriosa reúne às vezes os criminosos de lugares muito afastados num dado ponto para feri-los em comum. Daí as catástrofes célebres, os naufrágios, os grandes sinistros, as mortes coletivas, tais como o desastre de Saint-Gervais, o incêndio do Bazar de Caridade, a explosão de Courrières, a do “Iena”, o naufrágio do “Titanic”, do “Ireland”, etc.


Explicam-se assim as existências curtas; são o completamento de vidas precedentes, terminadas muito cedo, abreviadas prematuramente por excessos, abusos ou por qualquer outra causa moral, e que, normalmente, deveriam ter durado mais.


Não devem ser incluídas em tais casos as mortes de crianças em tenra idade. A vida curta de uma criança pode ser uma provação para os pais, assim como para o Espírito que quer encarnar. Em geral, é simplesmente uma entrada falsa no teatro da vida, quer por causas físicas, quer por falta de adaptação dos fluidos. Em tal caso, a tentativa de encarnação renova-se, pouco depois, no mesmo meio; reproduz-se até completo êxito, ou então, se as dificuldades são insuperáveis, se efetua num meio mais favorável.


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As considerações que acabamos de fazer demonstram que, para assegurar a depuração fluídica e o bom estado moral do ser, tem-se de estabelecer uma disciplina do pensamento, de se seguir uma higiene da alma, assim como é preciso observar uma higiene física para manter a saúde do corpo.


Em virtude da ação constante do pensamento e da vontade sobre o perispírito, vê-se que a retribuição é absolutamente perfeita. Cada um colhe o fruto imperecível de suas obras passadas e presentes; colhe-o, não por efeito de uma causa exterior, mas por um encadeamento que liga em nós mesmos o pesar à alegria, o esforço ao êxito, a culpa ao castigo. É, pois, na intimidade secreta de nossos pensamentos e na viva luz de nossos atos que devemos procurar a causa eficiente da nossa situação presente e futura.


Colocamo-nos segundo nossos méritos e no meio ao qual nos chamam nossos antecedentes. Se somos infelizes, é porque não temos suficiente perfeição para gozar de melhor sorte; mas nosso destino irá melhorando na medida que soubermos fazer nascer em nós mais desinteresse, justiça e amor. O ser deve aperfeiçoar, embelezar incessantemente sua natureza íntima, aumentar o valor próprio, construir o edifício da consciência – tal é o fim de sua elevação.


Cada um de nós possui a disposição particular a que os druidas chamavam awen, isto é, a aptidão primordial de todo ser para realizar uma das formas especiais do pensamento divino. Deus depositou no íntimo da alma os germens de faculdades poderosas e variadas; todavia, há uma das formas de seu gênio que, acima de todas as outras, é chamada a desenvolver com trabalho contínuo até que a tenha levado a seu ponto de excelência. Essas formas são inumeráveis. São os aspectos múltiplos da inteligência, da sabedoria e da beleza eternas: a música, a poesia, a eloqüência, o dom da invenção, a previsão do futuro e das coisas ocultas, a ciência ou a força, a bondade, o dom de educação, o poder de curar, etc.


Ao projetar a entidade humana, o pensamento divino impregna-a mais particularmente de uma dessas forças e assina-lhe, por isso mesmo, um papel especial no vasto concerto universal.


As missões do ser, seu destino e sua ação na evolução geral ir-se-ão definindo cada vez mais no sentido de suas próprias aptidões, a princípio latentes e confusas no começo de sua carreira, mas que vão despertar, crescer, acentuar-se à medida que ele for percorrendo a imensa espiral. As intuições e as inspirações que ele receber do Alto corresponderão a esse lado especial de seu caráter. Consoante suas necessidades e apelos, será sob essa forma que ele perceberá, em seu íntimo, a melodia divina.


Assim, Deus, da variedade infinita dos contrastes, sabe fazer brotar a harmonia tanto na Natureza como no seio da humanidade.


E se a alma abusar desses dons, se os aplicar às obras do mal, se, por causa deles, conceber vaidade ou orgulho, ser-lhe-á preciso, como expiação, renascer em organismos impotentes para sua manifestação. Viverá, gênio desconhecido, humilhado entre os homens, por tanto tempo quanto seja necessário a que a dor triunfe dos excessos da personalidade e lhe permita continuar o vôo sublime, a carreira, por um momento interrompida, para o ideal.


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Almas humanas que percorreis estas páginas, elevai os vossos pensamentos e resoluções à altura das tarefas que vos tocam. As vias para o infinito abrem-se, semeadas de maravilhas inexauríveis, diante de vós. A qualquer ponto que o vôo vos leve, aí vos aguardam objetos de estudo com mananciais inesgotáveis de alegrias e deslumbramentos de luz e beleza. Por toda parte e sempre, horizontes inimagináveis suceder-se-ão aos horizontes percorridos.


Tudo é beleza na obra divina. Reservado vos está, em vossa ascensão, apreciar os inumeráveis aspectos, risonhos ou terríveis, desde a flor delicada até os astros rutilantes, assistir às eclosões dos mundos e das humanidades; sentireis, ao mesmo tempo, desenvolver-se vossa compreensão das coisas celestiais e aumentar vosso desejo ardente de penetrar em Deus, de vos mergulhardes nele, em sua luz, em seu amor; em Deus, nossa origem, nossa essência, nossa vida!


A inteligência humana não pode descrever os futuros que pressente, as ascensões que entrevê. Nosso Espírito, encarcerado num corpo de argila, nos laços de um organismo perecível, não pode encontrar nele os recursos necessários para exprimir esses esplendores; a expressão ficará sempre aquém das realidades. A alma, em suas intuições profundas, tem a sensação das coisas infinitas, de que participa e às quais aspira. Seu destino é vivê-las e gozá-las cada vez mais. Mas, em vão procuraria exprimi-las com o balbuciar da fraca linguagem humana, debalde se esforçaria por traduzir as coisas eternas na linguagem da Terra. A palavra é impotente, mas a consciência evolvida percebe as radiações sutis da vida superior.


Dia virá em que a alma engrandecida dominará o tempo e o espaço. Um século não será para ela mais do que um instante na duração e, num lampejo do seu pensamento, transporá os abismos do céu. Seu organismo sutil, apurado em milhares de vidas, há de vibrar a todos os sopros, a todas as vozes, a todos os apelos da imensidade. Sua memória mergulhará nas idades extintas. Poderá reviver à vontade tudo o que tiver vivido, chamar a si as almas queridas que compartilharam de suas alegrias e de suas dores e juntar-se a elas.


Porque todas as afeições do passado se encontram e se ligam na vida do espaço, contraem-se novas amizades e, de camada em camada, uma comunhão mais forte reúne os seres numa unidade de vida, de sentimento e de ação.


Crê, ama, espera, homem, meu irmão, depois, exerce tua atividade! Aplica-te a fazer passar para tua obra os reflexos e as esperanças de teu pensamento, as aspirações de teu coração, as alegrias e as certezas de tua alma imortal. Comunica tua fé às Inteligências que te cercam e participam de tua vida, a fim de que te secundem na tua tarefa e de que, por toda a Terra, um esforço poderoso erga o fardo das opressões materiais, triunfe das paixões grosseiras, abra larga saída aos vôos do Espírito.


Uma ciência nova e restaurada – não mais a ciência dos preconceitos, das práticas rotineiras, dos métodos acanhados e envelhecidos, mas uma ciência aberta a todas as pesquisas, a todas as investigações, a ciência do invisível e do Além – virá fecundar o ensino, esclarecer o destino, fortificar a consciência. A fé na sobrevivência edificar-se-á sob mais belas formas, assentes na rocha da experiência e desafiando toda crítica.


Uma arte mais idealista e pura, iluminada por luzes que não se apagam, imagem da vida radiosa, reflexo do Céu entrevisto, virá regozijar e vivificar o espírito e os sentidos.


Sucederá o mesmo com as religiões, as crenças e os sistemas. No vôo do pensamento para elevar-se das verdades de ordem relativa às verdades de ordem superior, elas chegarão a aproximar-se, a juntar-se, a fundir-se para fazer das múltiplas crenças do passado, hostis ou mortais, uma fé viva que há de reunir a humanidade num mesmo impulso de adoração e prece.


Trabalha com todas as potências de teu ser por preparar essa evolução. É mister que a atividade humana se dirija com mais intensidade para os caminhos do espírito. Depois da humanidade física, é indispensável criar a humanidade moral; depois dos corpos, as almas! O que se conquistou em energias materiais, em forças externas, perdeu-se em conhecimentos profundos, em revelações do sentido íntimo. O homem está vitorioso do mundo visível; as aberturas praticadas no universo físico são imensas; restam-lhe as conquistas do mundo interior, o conhecimento de sua própria natureza e do segredo de seu esplêndido porvir.


Não discutas, pois, mas trabalha. A discussão é vã, estéril é a crítica. Mas a obra pode ser grande, se consistir em te engrandeceres a ti mesmo, engrandecendo os outros, em fazeres o teu ser melhor e mais belo. Porque não deves esquecer que para ti trabalhas, trabalhando para todos, associando-te à tarefa comum. O universo, como tua alma, renova-se, perpetua-se, embeleza-se sem cessar pelo trabalho e pela reciprocidade. Deus, aperfeiçoando sua obra, goza dela como tu gozas da tua, embelezando-a. Tua obra mais bela é tu mesmo. Com teus esforços constantes podes fazer de tua inteligência, de tua consciência, uma obra admirável, de que gozarás indefinidamente. Cada uma de tuas vidas é um cadinho fecundo do qual deves sair apto para tarefas, para missões cada vez mais altas, apropriadas às tuas forças e cada uma das quais será tua recompensa e tua alegria.


Assim, com tuas mãos irás, dia a dia, moldando teu destino. Renascerás nas formas que teus desejos constroem, que tuas obras geram, até que teus desejos e apelos te tenham preparado formas e organismos superiores aos da Terra. Renascerás nos meios que preferes, junto dos seres queridos, que já estiveram associados a teus trabalhos, a tuas vidas, e que viverão contigo e para ti, como tu reviverás com eles e para eles.


Terminada que seja tua evolução terrestre, quando tiveres exaltado tuas faculdades e tuas forças a um grau de suficiente capacidade, quando tiveres esvaziado a taça dos sofrimentos, das amarguras e das felicidades que nos oferece este mundo, quando lhe houveres sondado as ciências e crenças, comungado com todos os aspectos do gênio humano, subirás então com teus amados para outros mundos mais belos, mundos de paz e harmonia.


Volvidos ao pó, teus últimos despojos terrestres, chegada às regiões espirituais tua essência purificada, tua memória e tua obra hão de amparar ainda os homens, teus irmãos, em suas lutas, em suas provações, e poderás dizer com a alegria de uma consciência tranqüila: “Minha passagem na Terra não foi estéril; não foram vãos meus esforços!”